Apocalipse de São João capítulo 13

 

Apocalipse de São João capítulo 13

13,1-18: O povo de Deus profetiza na grande cidade (11,8), onde estão os poderes que se tornam maus quando se absolutizam, tomando o lugar de Deus e escravizando os homens.

1-4: A Besta é o poder político absolutizado, isto é, os poderes totalitários, ditatoriais e opressores. Na época de João, trata-se de Roma, às margens do mar Mediterrâneo. A Besta encarna o mal (Dragão) na história (sete cabeças e dez chifres, que serão explicados em Ap 17). Blasfemar é tomar coisas ou pessoas humanas como divinas; usurpando títulos honoríficos e divinos é que os poderosos afirmam sua autoridade e oprimem os homens.

A Besta é uma superpotência (pantera, urso, leão: Dn 7,4-7). Ela é agente do mal (Dragão), que lhe dá todo poder. O Dragão e a Besta são uma paródia do Deus que entrega o domínio da história a Jesus ressuscitado (Ap 4-5). A Besta é também uma paródia de Cristo morto e ressuscitado (cabeça ferida e curada). O império romano parecia ter decaído com Nero, mas depois volta ao seu esplendor: é o mal que vai e vem na história através dos poderes absolutizados. As multidões se maravilham com isso e adoram a Besta como se ela fosse Deus: “Quem é como a Besta?”


 

5-8: A Besta age até o fim da história (quarenta e dois meses). Aqui as blasfêmias são valores que o poder absoluto propõe como valores divinos, violentando as consciências. A Besta é adorada por todos aqueles que não conhecem e não vivem o testemunho de Jesus. Mas os discípulos de Jesus são perseguidos e mortos por não aceitarem a idolatria.

9-10: Para serem fiéis e perseverarem, os cristãos devem manter o espírito crítico, pois Deus vai realizar o que projetou.

11-12: A segunda Besta, depois chamada falso profeta (16,13), é a propaganda ideológica, que sustenta os poderes absolutos, e cuja essência é a falsidade: apresenta o mal com aparência de bem (cordeiro e dragão), para levar as pessoas a aceitarem um sistema político desumano, como se este viesse de Deus. É uma caricatura do Espírito Santo (cf. Jo 14,26).

13-17: Como os profetas, a propaganda promete grandes milagres e mudanças, mas falsamente. Para sustentar os poderes e impor respeito e até mesmo adoração, a propaganda multiplica a imagem dos poderosos, fazendo crer que são onipresente e vigilantes, Graças à manipulação, a segunda Besta controla a ação (mão direita) e o pensamento (fronte) de toda a sociedade (todas as categorias sociais). Para poder participar da economia (comprar e vender), todo mundo deve pensar e agir de acordo com a primeira Besta. Esse nivelamento de todas as classes sociais com o mesmo pensamento e ação é uma paródia do Reino de Deus.


 

18: O autor identifica a primeira Besta com o imperador romano da época. O número seiscentos e sessenta e seis, conforme o valor numérico das letras em hebraico, corresponde ao nome de César Nero. O imperador Domiciano é visto como a ressurreição de Nero e da sua crueldade. O número seiscentos e sessenta e seis, significa o máximo de imperfeição, pois seis não atinge sete e é metade de doze. Indicaria, assim, a relatividade e fraqueza dos poderes totalitários. (Notas da Bíblia: edição pastoral). Próximo

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