20,1-21: No momento solene da aliança com o povo, Deus
apresenta os Dez Mandamentos. Estes possibilitarão ao povo formar uma relação
social onde todos possam viver com liberdade e dignidade, porque eles não o
deixam construir uma sociedade baseada na escravidão, que leva para a morte.
Não se trata de simples leis; são princípios que orientam para uma nova
compreensão e prática de vida.
O homem conserve a liberdade e a vida
O único Deus verdadeiro é aquele que liberta da escravidão,
para dar liberdade e vida. Só ele pode dar orientações para que o homem
conserve a liberdade e a vida, e não volte a ser escravo. Os mandamentos
exprimem a resposta que o homem dá ao Deus que liberta.
1º mandamento (vv. 3-6):
Proibição de servir a outros
deuses. O povo deve escolher ou servir a Javé, que no seu amor dá liberdade e
vida, ou servir a outros deuses, que acarretam como castigo a escravidão e a
morte. Além disso, proíbe fabricar ídolos, para que o povo não seja tentado a
servir a deuses falsos: é impossível representar o verdadeiro Deus com imagem
ou ideia, que correm sempre o perigo de ser manipuladoras.
2º mandamento (v. 7):
Proibição de usar o nome de Deus
libertador para acobertar injustiças e opressão. Em outras palavras, o nome de
Deus não pode ser manipulado para justificar um sistema que fabrica injustiças
na defesa de interesses pessoais ou de grupo.
3º mandamento (vv. 8-11):
proibição de explorar o trabalho o
trabalho do irmão, tornando-o escravo. Todo homem tem direito ao dia de descanso
para se refazer e tomar consciência de sua vida: o direito de ser livre e gozar
o resultado do seu trabalho, antecipando a plena realização que Deus reserva a
todos os homens. Alem disso, este mandamento faz reconhecer que as pessoas
dependem do Criador, e que o trabalho humano é relativo.
4º mandamento (v 12):
Mostrar que a honra é devida em
primeiro lugar aos pais e não aos poderes do Estado ou de qualquer outra
autoridade. Por outro lado, a vida e a liberdade dependem do respeito aos pais,
que são a fonte da vida.
5º mandamento (v. 13):
É o mandamento central. Não proíbe
apenas atentar contra a vida do outro;
condena também qualquer sistema social que, pela opressão e exploração, reduz o
povo a uma condição sub-humana, levando-os à morte prematura.
6º mandamento (v 14):
O mandamento não se refere
propriamente à castidade e à vida sexual, mas ao respeito pela relação
matrimonial: não só é preciso respeitar a própria família, mas respeitar também
a família do outro; o adultério destrói a relação familiar.
7º mandamento (v. 15):
Não se trata apenas de atos isolados
de roubos entre pessoas; o mandamento condena qualquer sistema social que se
estrutura a partir do roubo (= lucro), seja o roubo da força de trabalho
(salário mal paga), seja do produto do trabalho (impossibilidade de usufruir do
fruto do próprio trabalho), seja ainda do direito ao descanso (lazer).
8º mandamento (v. 19):
Não se trata apenas de falar mal dos
outros. O mandamento condena a corrupção na administração da justiça, pois esta
é o único recurso para os pobres e fracos reivindicarem e defenderem seus
direitos contra os ricos e poderosos.
9º e 10º mandamentos (v. 17):
Proíbe a cobiça em todos os
níveis e formas. Condenam qualquer sistema social que tenha como única meta o
ter mais, incentivando espertezas e tramas para se apoderar do que pertence a
outros. A cobiça é a mão da idolatria do poder e da riqueza, que destroem a
liberdade e a vida alheias.
Os altares de pedra lavrada
22-26: A lei visa manter o culto a Javé em nível popular,
sem o luxo dos grandes templos. Os altares de pedra lavrada eram
características na religião dos reis opressores, tanto no Egito como em Canãa. Os Dez Mandamentos