O fato novo provoca uma nova consciência no povo e, ao mesmo tempo, a reação negativa do Sinédrio, autoridade suprema na sociedade judaica. A ressurreição de Jesus é apresentada como fato a partir de outro fato: a cura do aleijado.
O Sinédrio não pode negar aquilo que todos conhecem. Também não pode aceitar que a cura foi realizada em nome de Jesus, que tinha sido condenado e morto por iniciativa do próprio Sinédrio; este não pode aceitar que Jesus esteja vivo e continue fazendo o bem.
Mas, como não há outro modo de explicar a cura e se teme a opinião pública, resta apenas uma atitude: reprimir os apóstolos, proibindo-os de continuar uma prática ligada ao nome de Jesus. (Atos dos apóstolos 4,1-22).
A resposta de Deus é o novo Pentecostes
A comunidade cristã compreende os fatos presentes à luz da Palavra de Deus. A perseguição que se desencadeou contra Jesus atinge agora seus seguidores que são como ele, servos de Deus. A comunidade reconhece que a perseguição é prova de que o seu próprio testemunho é autêntico.
Por isso, não pede que a perseguição termine, mas que Deus lhe dê forças para continuar o anúncio e a prática de Jesus (curas, sinais e prodígios). A resposta de Deus é o novo Pentecostes. (Atos dos apóstolos 4,23-31).
Partilha livre e consciente
Lucas vai salientando o crescimento da comunidade (cf. 1,13.15 2,41-47; 4,4) Agora já é uma grande multidão, pois o fermento cristão penetra e transforma a sociedade.O centro do retrato é o espírito de comunhão que gera concórdia fraterna e partilha dos bens. Não se decreta uma lei para fazer uma “caixa comum”, uma espécie de “capital” de sociedade anônima. Pelo contrário, trata-se de partilha livre e consciente, exigida pela necessidade de cada um e voltada para os mais necessitados, de modo a destruir o contraste e a distância entre ricos e pobres.
O exemplo de Barnabé mostra que a comunidade primitiva rompe com o espírito de posse e propriedade privada: os bens são destinados ao uso de todos. (Atos dos apóstolos 4,32-37).