Com a morte de José e seus irmãos, termina a história de uma família e começa a história de um povo, conforme a promessa de Gn 46,3.
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Com medo de que o povo explorado tome consciência da própria situação e se revolte, o poder político lança mão de trabalhos forçados e de pressão psicológica; assim o povo não tem condições e meios de se organizar e se libertar.
1 A Vida é Mais Forte que as Armas do Opressor
Temendo a revolta, a autoridade política recorre ao controle da natalidade, a fim de evitar o crescimento de um problema incontrolável para a classe dominante. No entanto, a vida é mais forte que todas as armas do opressor: as parteiras, tementes a Deus, fonte da vida, respeitam a vida que nasce (Êxodo 1,1-22).
2 A Classe Dominante se Torna Hostil
A vida está presente até dentro da casa do opressor: a compaixão da filha do Faraó, aliada à coragem da mãe hebreia, preservam a vida daquele que será o líder da libertação.
Embora educado em meio a classe dominante, Moisés sai e vê à solidariedade, ao gesto de defender um irmão. Imediatamente, a classe dominante se torna hostil. E
3 Moisés Tem de Fugir
A solidariedade se manifesta novamente para com as filhas de Raguel. Madiã, uma região de deserto, mais tarde vai se tornar o lugar da libertação e da vida na intimidade com Deus, enquanto o fértil Egito já se torna lugar de escravidão e morte.
O povo começa a tomar consciência de que é escravo e exprime a sua insatisfação. Esse clamor já é o desejo de uma nova situação.
Deus vê a condição do povo e ouve o seu desejo: lembra-se de sua própria aliança de vida e se solidariza com os oprimidos, levando em conta a situação deles.
Deus sempre está presente e disponível, mas respeita a liberdade do homem e só age quando invocado. Note-se que essa invocação não precisa ser uma oração articulada; para invocar a Deus basta o simples desejo de liberdade e vida, que se manifesta como insatisfação dentro de uma situação de escravidão e morte (Êxodo 2,1-25).
4 A Libertação é um Movimento para se Atingir um Ideal
A experiência de Deus é um mistério que está além da compreensão humana. Esse mistério é apresentado aqui como fogo que arde sem consumir.
Esse Deus misterioso é o aliado do povo oprimido, o povo de Abraão, Isaac e Jacó. Moisés deverá tomar partido: ou continuar identificado com os poderosos que oprimem o povo, ou se coloca à disposição do Deus que toma partido dos oprimidos.
Respondendo ao clamor do povo, Deus se alia à causa dele e mostra o objetivo da libertação: o objetivo último e utópico é uma condição de posse total da vida (terra onde corre leite e mel); ao mesmo tempo, é um objetivo próximo e concreto: a posse da terra de Canaã (terra dos cananeus...).
A libertação, portanto, é um movimento para se atingir o ideal, e este se concretiza num momento histórico bem determinado. E a ação de Deus se realiza sempre através da mediação humana (no coso, Moisés).
5 O Objetivo da Libertação
Moisés se sente incapaz e sem autoridade para ser mediador da libertação para o povo, com quem jamais conviveu. Deus lhe assegura que estará com ele e que a libertação vai se realizar: o povo chegará até o Sinai (= Horeb, v 1).
Em seguida, Deus se apresenta como aquele que está presente (v. 14): ele é o mesmo Deus dos antepassados: aquele Deus que prometeu formar um povo, agora vai cumprir a promessa. Ele quer ser invocado sempre com este nome. Deus manifesta a sua identidade dentro de um processo de libertação.
6 O Conflito Será Contra o Poder Opressor
O texto esboça um verdadeiro programa de ação libertadora. Primeiro, lembra o objetivo da libertação: criar um sistema alternativo ao da escravidão (vv. 16-17; cf. 3,7-8). Depois, apresenta a estratégia para o processo de libertação:
1) Reunir os lideres naturais do povo (anciãos) e reivindicar pela via legal que o Faraó permita ao povo ir ao deserto para cultuar a Deus (v. 17).
2) Fracassando a via legal, aplicar medidas de força — mão forte — (vv. 19-20).
3)Deixa claro que o conflito será contra o poder opressor, e não contra o povo egípcio(v.21)Exigir uma indenização por todo o tempo em que o povo trabalhou como escravo (v.22.) (Êxodo 3,1-22). Apocalipse