No dia 6 de outubro de 2024, o Brasil não se encontrava apenas diante de urnas eletrônicas, mas em uma encruzilhada decisiva, onde a batalha pelo poder se entrelaçava com algo mais profundo: a busca pela mente humana. E, assim como em "Pinky e o Cérebro", o desenho animado onde dois ratos de laboratório formulam diariamente planos mirabolantes para dominar o mundo, a política brasileira parecia ecoar essa incansável ambição. Pinky, ingênuo, sempre pergunta: “O que vamos fazer hoje, Cérebro?”. E, com a frieza de um estrategista, o Cérebro responde: “A mesma coisa que fazemos todos os dias, Pinky... Tentar conquistar o mundo!”
A analogia com a eleição é inevitável. Em um país onde as narrativas políticas são alimentadas por líderes que oscilam entre a genialidade e o absurdo, a frase de Cérebro ressoa como uma síntese da dinâmica eleitoral brasileira. Enquanto candidatos tentam conquistar a confiança de milhões, o verdadeiro objetivo parece não ser apenas o controle político, mas algo ainda mais profundo: a conquista da mente, da narrativa, da realidade de uma nação.
A Guerra das Narrativas
A mente humana é o campo de batalha, e as redes sociais são as trincheiras. Os eleitores, como Pinky, questionam repetidamente: "O que vamos fazer?" Mas quem detém o poder, o "Cérebro", tenta responder sempre com o mesmo mantra: "Conquistar o mundo!" Ou, no caso das eleições, garantir o controle da percepção pública.
A Busca Pela Mente: O Novo Terreno Eleitoral
Em um mundo hiperconectado, as ferramentas de manipulação psicológica e de dados se tornaram parte intrínseca da política. Não basta mais prometer saúde e educação; é preciso convencer o eleitor de que ele está votando em uma versão de si mesmo, em um projeto que ressoa com seus medos, desejos e esperanças mais íntimos. A mente, então, torna-se o prêmio final. Quem controla a narrativa controla o comportamento.
Os estrategistas políticos não são mais apenas especialistas em políticas públicas. Agora, são mestres em neuromarketing, manipulação psicológica e engenharia social. Eles sabem que o voto não é decidido apenas por uma escolha racional, mas por uma resposta emocional profunda. Como o Cérebro, eles veem cada eleição como uma oportunidade de testar um novo plano, de tentar, mais uma vez, conquistar o mundo — ou, pelo menos, a mente dos eleitores.
O Brasil Entre o Cérebro e o Coração
Mas se o "Cérebro" da política traça seus planos com precisão cirúrgica, o povo brasileiro, em sua maioria, reage com o coração. O país, conhecido por sua paixão e intensidade, vive um momento de polarização extrema, onde a razão muitas vezes se perde no calor das emoções. As eleições de 2024 refletem essa dicotomia: a luta entre a frieza estratégica dos que buscam o poder e a fervorosa emoção dos que o concedem.
Assim como Pinky e Cérebro, o eleitor brasileiro se vê envolto em um ciclo incessante. Cada nova eleição traz a esperança de mudança, mas também o temor de mais do mesmo. Há uma busca constante por respostas, por líderes que possam finalmente resolver os problemas crônicos da nação, mas a sensação de déjà-vu é inevitável. A cada novo ciclo eleitoral, a sensação de que “tentar conquistar o mundo” é um esforço inútil parece crescer, ao passo que os problemas estruturais persistem, inabaláveis.
Conclusão: A Busca Sem Fim
O 6 de outubro de 2024 não é apenas mais uma data no calendário eleitoral brasileiro. É um reflexo de um país em busca de si mesmo, onde cada voto é uma tentativa de responder à grande pergunta: quem somos e para onde estamos indo? Como no desenho animado, o Brasil parece estar preso em um ciclo, onde todos os dias — ou melhor, todas as eleições — a tentativa de "conquistar o mundo" é renovada.
Enquanto os líderes políticos, como o Cérebro, continuam traçando seus planos, o Brasil, como Pinky, segue questionando o que o futuro reserva. A resposta, no entanto, talvez seja a mais inquietante: continuamos, incessantemente, a tentar conquistar não apenas o mundo, mas algo ainda mais evasivo — a própria mente humana.
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