A história de Estêvão nos Atos dos Apóstolos

 

Surge o primeiro conflito na organização interna. A comunidade interna é convocada para examinar a questão e chegar a uma decisão.

Note-se que o poder è participado, e o problema é como tornar eficiente a partilha dos bens em favor dos necessitados (viúvas).

O episódio mostra como os ministérios vão surgindo na Igreja em resposta as necessidades concretas: é a necessidade que leva a formar estruturas de serviço, e não o contrário. (Atos dos apóstolos 6,1-7).

Estêvão personifica o ideal do mártir cristão, e confirma a promessa de Jesus para os seus discípulos (cf. Lc 21,15).

Lucas apresenta Estêvão como modelo para os cristãos, que devem escolher o caminho da liberdade corajosa e da fidelidade ao Espírito; a liberdade não se intimida nem mesmo diante da repressão violenta.

Nota-se que as acusações contra Estêvão foram as mesma dirigidas contra a Jesus: subversão da Lei e costumes e audácia de criticas as instituições e as estruturas consideradas sagradas (Templo).

Desse modo, desde Jesus, e passando pela a história de Estêvão, abre-se uma cadeia de solidariedade que atinge os perseguidos de todos os tempos. (Atos dos apóstolos 6,8-15).

Deus está presente na vida e na história

Estêvão resume a história de Israel, mostrando o projeto de Deus, que se alia com o povo para construir a história em direção à vida e à liberdade.

Estêvão interrompe o relato ao chegar a Davi (construtor do Estado) e o Salomão 9construtor do Templo). Mostra, assim, que Deus quer um povo em continua, marcha histórica em direção à vida plena, e não um estado preso por um aparelho que explora, oprime e paralisa o povo.

Por outro lado, Deus não está localizado e fechado num templo, nem é manipulado como ídolo para legitimar uma ordem social injusta. Deus está presente na vida e na história, caminhando com o povo (Tenda).

A Lei de Moisés era palavra de vida, mas se transformou em palavra de morte, quando Israel deixou de ser povo aberto e se transformou em estado nacional fechado.

Deus não quer ser confinado dentro das barreiras de uma nação. Estêvão transforma sua defesa em acusação contra seus próprios juízes: estes não passam de autoridades que manipulam o Templo para legitimar um Estado que oprime o povo.

Se fossem fiéis à Lei, eles teriam reconhecido Jesus como o Justo e o Profeta como Moisés, e não o teriam assassinado. (Atos dos apóstolos 7,1-53).

A morte de Estêvão, o primeiro mártir, relembra a história da morte de Jesus (cf. Lc 23,34-46), pois o discípulo não está acima do Mestre (Lc. 6,40).

Através da morte de suas testemunhas, Jesus continua exercendo o julgamento como Filho do Homem (cf. Mt 26,64; Dn 7,13). Dizendo que Estêvão “adormeceu”, o autor insinua a ressurreição. (Atos dos apóstolos 7,54-60).

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