Enraizada no ambiente judaico e pagão, a Igreja enfrenta o primeiro grande conflito. Os cristãos provenientes do judaísmo continuavam praticando a circuncisão e observado as prescrições da Lei.
A evangelização não obrigava os pagãos convertidos a esses costumes judaicos. Contudo, alguns de Jerusalém (fariseus convertidos — cf. v. 5) começaram que também os pagãos, para se salvar, deviam observar as mesmas coisas que os judeus convertidos.
Em outras palavras, primeiro deveriam ser “judaizados” e depois cristianizados. A questão era muito séria: os costumes judaicos pertencem à essência da mensagem cristã? Até que ponto a ação missionária da Igreja transmite o Evangelho, ou confunde o Evangelho com determinado contexto de outro? O Evangelho é fermento libertador, e não superestrutura que aprisiona e perverte a alma de um povo (Atos dos apóstolos 15,1-5).
Barnabé e Paulo reforçam o testemunho de Pedro
O discurso de Pedro é fundamental e contém a orientação conciliar. Pedro parte de fatos concretos: ele foi o primeiro evangelizador dos pagãos e compreendeu que Deus não faz distinção entre pagão e judeu (cf. At 10,34.44-47), mas concede a ambos o mesmo Espírito Santo que leva o homem a seguir Jesus.
Depois, Pedro salienta que os costumes judaicos são um jugo, isto é, um elemento cultural que não deve ser imposto aos pagãos, pois o que salva a todos é a graça que leva à fé em Jesus Cristo. Barnabé e Paulo reforçam o testemunho de Pedro (Atos dos apóstolos 15,6-12).
Tiago é a maior autoridade na igreja de Jerusalém. Falando aos judeu-cristãos ele reforça a afirmação de Pedro e a fundamenta no Antigo Testamento.
Os vv. 20-21 (e igualmente o v. 29) faltam em texto antigos; alguns estudiosos acham que foram acrescentados posteriormente ao livro ou modificados. Parece que Lucas juntou duas reuniões deferentes num só relato.
Primeiro, houve uma, onde não se fizeram restrições e na qual se dava plena liberdade às igrejas dos pagãos convertidos (cf. Gl 2,1-10). Depois apareceram dificuldades pastorais em comunidades onde havia judeus e pagãos.
Os judeus aceitavam os outros como irmãos em Cristo, mas não comiam com eles para não ficarem impuros (cf. Gl 2,11). Então Tiago decretou essas restrições para tais igrejas de judeus e pagãos (Atos dos apóstolos 15,13-21).
A característica básica da ação pastoral
A carta conciliar não tem caráter dogmático; é apenas uma orientação pastoral. Quanto às restrições do v. 29, cf. nota anterior (Atos dos apóstolos 15,22-29).
Lucas salienta o clima de alegria na assembleia ao tomar conhecimento da decisão conciliar. Doravante, não existe mais obstáculo para a expansão da Igreja em ambiente pagão. O v. 34 falta nos melhores manuscritos (Atos dos apóstolos 15,30-35).
Os conflitos se fazem sentir também entre as lideranças da Igreja. Todavia, não chegam a paralisar; limita-se a diversificar campos e estilos de pastoral.
A característica básica da ação pastoral consiste em dar assistência às comunidades, a fim de confirmá-las, estimulando-as a perseverar na fé 9vv. 36,41; 14,22). (Atos dos apóstolos 15,36-41).