A Indiferença e a Ofensa nas Olimpíadas de Paris: Uma Reflexão sobre Fundamentalismos e Prioridades Sociais

Recentemente, João Pereira Coutinho escreveu um artigo polêmico abordando o direito de não se sentir abalado com a representação da Última Ceia e do Banquete dos Deuses nas Olimpíadas de Paris. Em suas palavras: "Por experiência própria, confirmo que quanto mais rudimentar é uma pessoa, mais histérica ela se torna na defesa da sua sucata mental." Essa afirmação provocadora nos leva a refletir sobre a reação exacerbada de alguns indivíduos diante de temas que tocam suas crenças mais profundas.

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Coutinho cita o professor Mark Lilla, da Universidade de Columbia, que em seu ensaio "On Indifference" discute a postura dos deuses gregos, que eram indiferentes aos humanos, em contraste com o Deus cristão, sempre atento e exigindo um posicionamento constante de seus seguidores. Lilla examina a indiferença como uma postura válida e comenta sobre o paradoxo existente na América contemporânea, onde se tenta lidar com as diferenças, mas ainda se tem horror à indiferença.

O texto de Coutinho conclui com a ideia de que "Nada é tudo" (That nothing is everything), destacando o direito de uma pessoa de não aderir ao caráter absoluto de qualquer valor. Quando perguntado se achava que a cena ofendia os cristãos, ele reconheceu a ofensa, assim como a confusão e o gosto duvidoso de grande parte da abertura dos jogos. No entanto, ele considera que a verdadeira ofensa está na remoção de pobres das ruas de Paris, em uma higiene social descarada para apresentar uma cidade linda aos olhos do mundo. Essa ação, para Coutinho, é uma afronta maior do que qualquer representação artística questionável.

Se ele fosse religioso, Coutinho estaria mais perturbado com a ofensa a Cristo humilhado no corpo dos pobres, algo que aparece com mais frequência nos evangelhos do que uma representação plus size ou um Papai Smurf pagão. A irritação com o fundamentalismo, seja ele woke ou reacionário, não justifica o descaso com os sofrimentos reais da população marginalizada, que foi descartada para a realização de um show esportivo.

A reflexão de Coutinho aponta para a hipocrisia de uma sociedade que se diz ofendida por representações simbólicas, mas que ignora ou mesmo participa de práticas de exclusão social e injustiça. A crítica não é apenas à indiferença diante de símbolos religiosos, mas também à indiferença diante do sofrimento humano. Assim, enquanto alguns se preocupam com representações artísticas, a verdadeira indignação deveria estar voltada para a desigualdade social e a injustiça que ocorrem nas sombras dos grandes eventos mundiais.

A discussão proposta pelo artigo de Coutinho é uma chamada à atenção para as prioridades da nossa sociedade. Em um mundo onde a aparência e a imagem são frequentemente colocadas acima do bem-estar e da dignidade humana, é essencial questionar o que realmente nos ofende e por quê. Afinal, como ele sugere, o verdadeiro valor está em reconhecer e combater as ofensas reais à dignidade humana, e não apenas as simbólicas.

Lembre-se, "nada real pode ser ameaçado, nada irreal existe".

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